"A minha história começou assim: desde bem pequena minha mãe cuidava do meu cabelo, ela fazia hidratação nele toda semana, porém era um cabelo que passou uma vida inteira preso com tranças, até que um dia fui chamada para ser dama de honra e minha mãe acabou alisando meu cabelo. Desde então as coisas começaram a desandar.
Minha mãe continuou a cuidar do meu cabelo até que um dia minha tia passou um produto no meu cabelo e eu fui para o sol brincar de queimada, quando fui lavar o cabelo, ele começou a cair. Ficou tão vermelho que parecia que eu tinha passado tinta, então tive que cortar o cabelo bem curtinho e minha tia passou a fazer coquinhos no meu cabelo, fiquei parecendo a dançarina Quitéria por isso preferi alisar o cabelo novamente, dessa vez com uma pasta que fazia bolhas no couro cabeludo e era um sofrimento.
Chegando na adolescência, depois de passar muito tempo passando guanidina no cabelo, acabei deixando o relaxamento de lado é fazendo um procedimento que dizia não ter química, meu cabelo estava o caos e eu já estava sem esperança. Tentei esse procedimento durante um tempo, até descobrir que ele tinha um pouco de formol e acabei abandonando esse tratamento, porque eu estava ficando careca nas partes da frente.
Então em um belo dia eu entrei no banheiro da minha casa e saí de lá sureca (ou seja, com o cabelo bem curtinho) e ninguém entendia o porquê eu tinha feito aquilo, na verdade nem eu sabia mas acho que eu estava saturada de tantos tratamentos frustrados, foi libertador até o momento em que minha ficha caiu e voltei à realidade, pensei logo: como vou encarar o mundo agora?
A sociedade julga muito uma mulher de cabelo curto, sofri muitas pressões. Me falaram que eu não ia conseguir emprego, entre outras coisas, foi então que eu resolvi colocar uma mega-hair, que era melhor não ter colocado, ficou horrível hahaha
Depois de 3 meses com mega-hair no cabelo resolvi tirar e ficar com meu cabelo natural que tinha crescido um pouquinho. Acabei entrando numa fase bad, a pessoa que eu gostava já não me via com os mesmos olhos de antes e eu acabei passando por esse processo sozinha e por minha conta. Sofrendo com algumas pressões eu acabei então indo ao B.N achando que resolveria meus problemas e acabei fazendo o tratamento desse salão por 1 ano e adicionei na conta mais um tratamento frustrante.
Entrei na transição pela segunda vez e dessa vez pensei um pouco mais e acabei deixando o cabelo atingir um certo tamanho pra cortar, quem tinha que ir embora já tinha ido mesmo e eu já consegui lidar com isso, fui mais feliz dessa vez, sem escutar os outros.
Fui cuidando do meu cabelo, ele foi crescendo e como ele tem o cacho muito fechado eu acabei passando um produto que dizia que não tinha química, resumindo acabei com o cabelo quase liso e mais uma frustração pra conta hahaha
Terceira vez na transição e dessa vez mais consciente ainda, deixei a química sair toda, de tempos em tempos eu ia tirando um pouco das pontas fazendo com que ele chegasse ao resultado de hoje. Foram momentos de muita tristeza, mas também de alegria, é uma sensação libertadora, por cada transição que eu passei era uma parte de mim que ressignificava.
Sou muito grata por essas fases, me fizeram chegar aonde eu estou hoje. As vezes, ainda entro em crise com meu cabelo 4C, os “cachos” muito fechadinhos fica um pouco difícil de lidar não é uma tarefa fácil ser crespa, mas pode ter certeza que vale a pena, hoje eu tenho um canal que é o Muito Bem Preta e por lá eu compartilho muitas dicas de hidratações caseira, dicas para cabelo crespo, mundo feminino em geral.
Eu espero não ter que contar que eu tive mais uma experiência frustrante com o meu cabelo hahaha.
O Fala Day me ajuda compartilhando dicas ótimas e também me dando oportunidade de contar essa história."
